2021-10-22 09:17:57.0

Estudo coordenado pela UFPR na capital paulista indica vulnerabilidade da população em situação de rua à covid-19

A população em situação de rua e os trabalhadores de saúde e assistência social que os atendem estão entre os grupos sociais mais expostos ao novo coronavírus, indica estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular (PGBioCel) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A pesquisa se baseia nos resultados dos exames sobre as amostras colhidas em agosto passado de 203 pessoas em situação de rua e 87 profissionais do atendimento social e em saúde na Zona Leste da cidade de São Paulo. As amostras foram submetidas a testes moleculares e sorológicos no Laboratório de Virologia do Departamento de Microbiologia Médica da Universidade do Estado de São Paulo (USP). Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (20) na revista PLOS Neglected Tropical Diseases (Plos NTD).

O estudo apontou uma situação em que os dois grupos pesquisados apresentaram resultados negativos para os testes moleculares (RT-qPCR), que medem a presença de material genético do vírus no organismo, mas houve percentuais altos de resultados positivos para a Imunoglobulina G (IgG). Chamados “anticorpos de memória”, esses anticorpos são os que permanecem no organismo por prazo mais longo. No caso do vírus Sars-Cov-2, os IgG podem ser encontrados até oito meses depois da infecção.

O quadro mostra um indicativo de que esses grupos estão em situação de exposição constante ao novo coronavírus, portanto, a um risco alto de desenvolver a covid-19. O resultado positivo para “anticorpos de memória” ocorreu em 54,68% das pessoas em situação de rua analisadas. Entre os trabalhadores de atendimento a essa população, houve 47,13% de positivos para IgG. As taxas indicam um grau de exposição similar nos dois grupos.

“Apesar de nenhum morador de rua ou profissional de assistência ter o vírus no momento da coleta, o percentual sorológico de IgG é o maior de covid-19 no mundo até o momento”, afirma o professor Alexander Biondo, do PGBioCel, que orienta o estudo.

A soma de testes moleculares e sorológicos é um dos diferenciais da pesquisa, porque permite traçar um panorama mais preciso sobre como se deram os contágios de uma população. Segundo a pesquisadora Anahi Chechia do Couto, cujo doutorado no PGBioCel incorpora em parte a pesquisa, a combinação de exames permite ir além de um retrato momentâneo, ajudando a entender melhor como o vírus se comporta em um universo específico.

“Pudemos observar que mais da metade dos testados já foi contaminada pelo vírus, mesmo que nenhum estivesse transmitindo o vírus no momento da coleta. Não há um número preciso de óbitos por covid-19 nessa população, então não podemos afirmar o real impacto referente à mortalidade, mas considerando toda a vulnerabilidade deles acredito que que tenha sido grande”, avalia.

Extrema pobreza impede acesso a medidas de higiene básicas contra a covid-19
A pesquisa tem levantado dados que revelam aspectos relacionados às condições de sobrevivência da população de rua, na tentativa de identificar possíveis correlações com fatores de risco ou, eventualmente, de proteção referentes à covid-19.

Quem está em situação de rua no Brasil – população estimada em 222 mil pessoas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – em geral não pode contar com medidas sanitárias básicas de prevenção contra a covid-19, como higiene constante das mãos, máscaras protetoras filtrantes e distanciamento. Ainda de acordo com o Ipea, na nota técnica “População em situação de rua em tempos de pandemia”, divulgada em junho, das 13 capitais do Nordeste e Sudeste, 12 contavam com abrigos, mas outras ações eram menos frequentes: apenas seis ofereciam orientação para esse público, por exemplo.

Leia a reportagem completa: https://www.ufpr.br/portalufpr/?p=143635
Fotos e vídeos de divulgação: https://bit.ly/3m428s0
Contato para esta matéria: ACS - Jéssica Tokarski  Telefone: (41) 33605008  
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