2016-04-05 14:05:12.0
Dia Mundial de Combate ao Câncer: Com visitas domiciliares, projeto da UFPR aposta no diagnóstico precoce
Campanha de Rastreamento Ativo do Câncer de Boca é promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Neste 8 de abril é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), todos os anos mais de 12 milhões de pessoas são diagnosticadas com a doença - e 8 milhões morrem. No Brasil, o instituto estima 596 mil novos casos de câncer em 2016, destes 15.490 devem ser câncer de boca - 11.140 homens e 4.350 mulheres. Para tentar frear estes números, acelerando o diagnóstico, há quase um ano estudantes da Universidade Federal do Paraná usam visitas domiciliares para prevenir o câncer bucal.
A iniciativa faz parte da pesquisa de mestrado de Allana Pivovar, sob a orientação do professor Cassius Carvalho Torres Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPG-Odonto) da UFPR, e se tornou um projeto de extensão envolvendo estudantes da graduação em Odontologia da UFPR e de outras universidades. O objetivo da Campanha de Rastreamento Ativo do Câncer de Boca era visitar todos os 981 homens entre 50 e 65 anos cadastrados no território da Unidade de Saúde Trindade II, no bairro Cajuru, em Curitiba.
"Nós identificamos que para vários tipos de câncer existem abordagens preventivas bem estabelecidas, com protocolos bem rigorosos. Por exemplo, tumores de mama e de colo do útero nas mulheres e na próstata nos homens têm guias de conduta que são bem semelhantes no mundo todo", conta Pereira. "E o câncer da boca, ou da região da cabeça e pescoço, se formos pensar mais amplamente, sofre um pouco pela ausência de critérios preventivos mais claros que possam ser seguidos pelos profissionais".
Segundo o pesquisador, basta um exame visual e de toque para identificar lesões que possam apresentar riscos aos pacientes. "É muito mais acessível quando comparado com outros exames como a mamografia, que exige equipamentos, aumentando seu custo". Já que as feridas não causam muita dor, os pacientes com câncer de boca acabam chegando até o atendimento de saúde com a doença já em estágios avançados, o tratamento precisa ser mais agressivo e a sobrevida das pessoas piora.
Por isso, começa a crescer a cultura de buscar os pacientes, especialmente nos casos em que já exista um histórico de saúde ou comportamental prejudicial - como o tabagismo, que agrava muito os riscos do câncer de boca. "Além do Brasil ter índices de ocorrência [da doença] maiores do que outros países, o sul do Brasil também se destaca em relação ao restante do país, por ter maiores índices de tabagismo", aponta a mestranda.
"A nossa hipótese era que por conta do atraso [em buscar ajuda médica], dos sintomas muito tardios e da dificuldade do profissional (médico ou dentista) de ter o olhar direcionado para o exame da boca, ir até a casa das pessoas em faixa de risco poderia representar chances de encontrar as lesões mais cedo, e, por consequência, começar o tratamento mais cedo", diz o professor.
A campanha
Envolvendo a formação dos participantes, a prestação de serviços à comunidade e o desenvolvimento de um método que possa ser usado em grande escala pelo Sistema Único de Saúde, o projeto abrange ensino, pesquisa e extensão. Na primeira etapa, o público-alvo - homens entre 50 e 65 anos, fumantes e ex-fumantes - foi selecionado dentro da população escolhida para o estudo. Estes passaram, então, por exames mais aprofundados e aqueles que apresentaram lesões foram encaminhados para uma biópsia.
Dentre os 180 fumantes que fizeram o exame, foram encontradas 57 lesões suspeitas, ou seja, 31% dos avaliados. "Em outros artigos e propostas de rastreamento, esse número fica em torno de 3 a 4%. Ou seja, esse valor altíssimo é porque a gente está sabendo buscar onde os casos realmente estão", explica Allana.
Contato para esta matéria:
ACS - Jéssica Maes Telefone: (41) 000000000
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