2015-04-08 16:30:58.0

15 anos do Grupo de Adesão do HC

Emoção marca evento de comemoração

Na última terça-feira, 07 de abril, foi comemorado os 15 anos do “Grupo de Adesão do HC”. Pacientes, familiares e profissionais do HC se reuniram e partilharam histórias emocionantes. O grupo foi criado pela enfermeira Maria Alba Oliveira Silva e pelo Assistente Social Silas Moreira, ambos atuavam no ambulatório de Infectologia do Hospital de Clínicas.

No final de 1999, o Ministério da Saúde, preocupado com o tratamento das pessoas com Aids e a baixa adesão ao tratamento, promoveu, por meio da Coordenação Estadual de DSTs/AIDS, um curso para instrumentalizar profissionais para atuarem junto aos pacientes para a adesão a terapia antirretroviral. Os dois profissionais do HC, Maria Alba e Silas, que atuavam no Ambulatório de Infectologia do HC, participaram do curso. A partir do curso, os dois iniciaram a atividade do Grupo de Adesão no HC.

Maria Alba conta que a primeira reunião acontece no dia 28 de março de 2000 e contou com a participação de 11 pessoas. “As reuniões eram, e continuam sendo, em qualquer sala, ou em algum local emprestado. O grupo é formado por pessoas que vivem com HIV(AIDS) e sua formação se baseia no reflexo de fidelidade e corresponsabilidade com o tratamento. Organizávamos temas para tentar descobrir como estabelecer a dinâmica do grupo. Mas chegamos à conclusão que havia a necessidade de um grupo mais livre, para que todos pudessem participar fornecendo incentivos através de suas experiência, em que todos expusessem suas opiniões. O grupo tem o seu êxito justificado pela presença de seus membros e cada um funciona sempre como um espelho, refletindo suas experiências cirando oportunidade de integração confiança e apoio mútuo, propiciando uma adaptação ao regime terapêutico”, conta a enfermeira.

Apesar de estar aposentada, Maria Alba continua atuando no grupo de forma voluntária. Ela declarou que aprende muito com as experiências do grupo. “Aprendi muito com as pessoas que compõem o grupo, com suas formas de enfrentamento, com seus olhares, com as suas perspectivas, sonhos por vezes estremecidos. Mas cada um buscando sempre fomentar a vida. Trabalhar e atender essas pessoas tem sido uma forma de eu me apropriar da vida. A cada sorriso, a cada lágrima, a cada história, consigo estar mais ciente que não sou a mesma pessoa, a mesma Alba, que não serei a mesma amanhã. Cada protagonista deste grupo me fez mudar, me fez transformar, aprendemos e construímos juntos. Coisa séria, sobre tratamento, sobre adesão, sobre manutenção dessa adesão. Coisa séria construída muitas vezes brincando, pois brincar com coisa séria, ao nosso ver, torna a vida mais fácil e doce, sempre com amor. E esse sentimento, o amor, não tolera o preconceito". Maria Alba finaliza dizendo ao grupo presente: "Amo vocês, tenho vocês como minha família.”

O Assistente Social, Silas Moreira, comparou o grupo a um trem que passa a cada estação: “na primeira estação com embarque de novas pessoas e o desembarque de outras, às vezes mais cheio, as vezes mais vazio, com novas paisagens mas o trem continua.”
Silas falou sobre o seu trabalho no atendimento às demandas sociais do grupo: “as pessoas possuem muita necessidade de orientação tais como, auxilio doença, aposentadoria, em especial, a preparação para aposentadoria. Foi necessário habilitar muitos pacientes junto à previdência para terem direito ao benefício de aposentadoria, uma vez que muitos não tinham contribuições.” 

Silas fez coro com Maria Alba ao dizer que também aprendem todos juntos e ainda ressaltou o trabalho de estagiários e de profissionais que vieram somente para conhecer este trabalho. "Pelo nosso grupo passaram mais de 20 pessoas por estágio e atuam profissionalmente nesta área. Muitos vieram de outras cidades e estados conhecer o grupo para formarem grupos em suas cidades. Valeu muito a pena todo esse trabalho pelo resultado obtido.”

O Complexo HC, foi representado pelo Gerente de Assistência à Saúde, Adonis Nasr,  e pela Chefe da Divisão de Enfermagem, Marilene Loewn Wall. Ambos reconheceram a importância do trabalho e o sucesso obtido, apesar das dificuldades enfrentadas.

O Grupo de Adesão do HC foi reconhecido por dois anos no Estado do PR como melhor trabalho governamental na área da saúde, com premiação concedida pelo Centro Paranaense de Cidadania. Além dos profissionais do HC, ainda participam do grupo os membros da Pastoral da Aids, da Arquidiocese Metropolitana de Curitiba, liderados pelo Frei franciscano Pedro Brondani. Os encontros acontecem nas tardes de terça-feira, no Hospital de Clínicas. 

DEPOIMENTOS

Um momento de grande emoção foi o depoimentos das pessoas que participam do grupo. 

Depoimento 1: 

“Estava com 37 quilos, morrendo, não existia mais nada para mim. Estava no fundo posso, sem nenhuma esperança, para mim tudo tinha acabado, tudo mesmo. Estava procurando ajuda, quando encontrei, aqui no HC, pessoas que me estenderam a mão. Tanto a Alba como o Silas me acolheram, sem preconceitos e dispostos me receber. Senti que podia começar de novo, tinha a medicação disponível, era difícil de tomar, mas sabia que tinha alguém para me conduzir e me orientar. O médico na consulta não consegue ensinar como tomar a medicação e no grupo obtive essa orientação.  O grupo é a referência, é onde você pode contar com alguém, buscar uma esperança, buscar os amigos. Tem um lugar para voltar. É como se estivesse no rio e alguém te jogasse mão para te salvar.”

Depoimento 2:

“Nasci neste Hospital e pretendo, Deus, morrer aqui. Sou muito feliz em saber que vocês existem como grupo, muito feliz que vocês se ajudam e me ajudaram muito. Estou lutando e tenho fé que serei curada. É muito importante saber que a união faz a força.
Muitas vezes eu não queria tomar o remédio. Eu era teimosa e a Alba falava para mim que eu tinha que tomar o remédio porque tinha filhos pequenos e precisava pensar neles. Hoje, meus filhos são adultos. Tenho uma filha que vai se formar sábado, um filho que também irá se formar e outra filha que me deu um neto recentemente. Graças à Deus, ao tratamento, ao grupo e aos médicos. Venho de Santa Catarina para me tratar aqui por que eu gosto daqui e daqui não vou sair. Lá tem tratamento, mas eu prefiro aqui. Onde moro tem muito preconceito, muita descriminação. Aqui é onde me sinto protegida. Aqui é meu lugar. Aqui o HIV não é um monstro para mim, ele é uma ponte para força de vida. Cada dia é um dia a mais, e cada dia com esperança e fé em Jesus Cristo".

anexos:

Enfermeira Maria Alba Oliveira e Silva
Enfermeira Maria Alba Oliveira e Silva
Ass.Social Silas Moreira

Contato para esta matéria: HC - Monica  Telefone: (41) 88719423  
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